The Talos Principle: Reawakened – Review

Lançado originalmente no finzinho de 2014, The Talos Principle foi elogiado pela ótima execução de uma mistura entre puzzles e filosofia. Agora que completou dez anos, o jogo da Croteam, desenvolvedora da Croácia, recebeu um remake que o revitaliza com bastante sucesso e traz um capítulo novo para complementar a construção de mundo da série …

Abr 20, 2025 - 10:16
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The Talos Principle: Reawakened – Review

Lançado originalmente no finzinho de 2014, The Talos Principle foi elogiado pela ótima execução de uma mistura entre puzzles e filosofia. Agora que completou dez anos, o jogo da Croteam, desenvolvedora da Croácia, recebeu um remake que o revitaliza com bastante sucesso e traz um capítulo novo para complementar a construção de mundo da série de ficção científica.

Sim, como existe The Talos Principle 2 e cada jogo tem sua própria expansão, já dá para chamar de série. Na verdade, o maior obstáculo para a apreciação plena de The Talos Principle: Reawakened é justamente a existência do segundo jogo, o qual avaliei com uma merecida nota perfeita 2023. Para facilitar, chamarei de Talos 1 e Talos 2.

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Mesmo que uma análise deva focar no seu objeto em si, comparações são inevitáveis, especialmente quando a obra em questão é parte do mesmíssimo contexto de criação. Além disso, conheci o trabalho da Croteam por meio de Talos 2 e me apaixonei pelo jogo. Isso poderia significar uma abordagem enviesada minha quanto a Reawakened, mas, repito, a comparação não apenas é inevitável, mas necessária.

Digo isso porque ela mostra o quão longe a equipe conseguiu levar tudo que havia de bom em Talos 1 a outro patamar. Colocando um jogo ao lado do outro, o primeiro parece um esboço diante do seu sucessor. Esse grande elogio pode parecer desdenhoso do jogo de 2014, mas não é, ainda mais agora, que o visual foi completamente refeito para o patamar da atual geração, melhorias de game design atualizaram a gameplay e o tal capítulo inédito completou o pacote com mais conteúdo relevante.

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Iniciar o jogo leva a um menu com três opções, que podem ser acessadas de imediato (os títulos são em inglês, mas os textos estão em potugues brasileiro)..

  • The Talos Principle
  • Road to Gehenna
  • In the Beginning

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A primeira é a campanha em si, na qual despertamos como um androide em uma simulação de temas mitológicos. Primeiro, há uma voz onipresente, Elohim, com nome e personalidade vindos do imaginário da mitologia hebraica para nos guiar com falas misteriosas. Em segundo lugar, as áreas são mostradas como ruínas de três povos do passado: a Grécia antiga, o Egito antigo e a Europa gótica medieval.

Os puzzles, porém, estão ligados ao contexto tecnológico da simulação virtual e usam aparelhos e feixes luminosos para abrir campos de força e, ao final de cada um, recolher um tetromino (as peças de Tetris) de determinada cor.

Os conjuntos de tetrominos de uma mesma cor serão usados em puzzles de encaixe para abrir portas no hub e para liberar mais aparelhos tecnológicos para a progressão dos puzzles de luzes.

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A obrigatoriedade de desbloquear tais equipamentos é um ponto ambivalente. Para quem está chegando agora, representa uma curva de aprendizado bastante suave. Para mim, a evolução inicial pareceu lenta; em minha primeira meia-hora, passei por uma dúzia de puzzles simples que usam apenas o inibidor de energia.

Isso não quer dizer que o jogo é fácil como um todo, pois a coisa vai ficando gradualmente mais complexa e bastante desafiadora, especialmente quando optamos por seguir para a segunda parte, Road to Gehenna, que foi uma expansão do jogo original. Nela, jogamos com Uriel, um androide da simulação que é despertado por Elohim em uma missão messiânica para encontrar e salvar outros como ele. Como foi planejada para ser uma expansão, eu gostaria que tivesse algum tipo de novo cenário histórico para variar dos três que já mencionei acima e evitar uma sensação de repetição estética.

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Por fim, In the Beginning é uma nova expansão cuja narrativa fala dos primórdios da simulação, com foco na pesquisadora Alexandra Drennan e outros participantes do projeto. Ela já é velha conhecida da história dos dois jogos, então a intenção do novo conteúdo é lançar luz sobre os momentos de teste, as dúvidas, questionamentos e motivações filosóficas que conduziram a simulação a se tornar o que ela é no primeiro jogo.

É um segmento com boa dose de metalinguagem, com falas, anotações e comentários dos personagens da equipe de desenvolvimento no momento crítico em que se encontravam. Nesse aspecto, a narrativa com vozes de mais indivíduos se aproxima de Talos 2 e foge à monotonia de Talos 1, no qual havia o domínio da voz de Elohim, alternada apenas pelas gravações de Alexandra. É uma ampliação de escopo bem-vinda para mudar um pouco os ares narrativos da campanha principal.

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Os panoramas, ainda que se mantenham no mesmo eixo Grécia-Egito-Europa, também seguem mais a linha do sucessor, com arquitetura monumental que se destaca verticalmente e dá uma boa sensação de grandeza.

E também tem puzzles difíceis, é claro. Criada após a evolução trazida por The Talos Principle 2, In the Beginning também mostra refinamento na complexidade e na capacidade da Croteam em criar numerosas variações criativas e prazerosamente complicadas com o bom proveito das mesmas mecânicas de dez anos atrás.

Entre as modificações que vão para além dos gráficos, vale dizer que o menu de opções está recheado de ajustes, mas dois recursos são mais valiosos: a capacidade de retroceder e o modo foto.

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Diferentemente de Talos 2, Talos 1 tem perigos ambientais letais, como esferas de raios que vagam por alguns níveis e metralhadoras de aproximação fixadas no caminho. Ser atingido por eles leva à morte imediata, o que nos dá duas opções: reiniciar o nível ou apenas retroceder alguns segundos até o último local seguro, o que ajuda muito na hora de usar ideias arriscadas sem ter o medo de ser levado de volta ao começo.

Já o modo foto, comum em jogos modernos exuberantes como este, tem a finalidade artística, mas também traz uma utilidade prática: ao ativá-lo, temos controle livre da câmera pelo ar, podendo posicioná-la de forma a vasculhar o nível e ter uma visão ampla do local, checando os diferentes elementos dos puzzles.

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Assim, The Talos Principle: Reawakened é a forma definitiva de apreciar o jogo que iniciou a série de puzzles, um retorno muito recomendado a quem já gosta da série e uma ótima oportunidade para quem, assim como eu, começou pelo segundo jogo. No entanto, um ótimo jogo empalidece se comparado a uma sequência excelente, e é isso que acontece aqui. Portanto, para recém-chegados que queiram ir direto para a melhor experiência, The Talos Principle 2 ainda é a escolha mais acertada em todos os aspectos.

OBS: a versão de PS5 não tem o editor de puzzle e o catálogo com as criações da comunidade. Esse recurso faz parte da versão de PC, no Steam.

The Talos Principle: Reawakened está disponível para PS5, Xbox Series e PC. Esta análise é da versão PS5 e foi realizada com um código fornecido pela Devolver Digital.