Análise: Phantom Breaker Battle Grounds Ultimate: um divertido beat ‘em up, um remaster desnecessário

A ascensão de títulos independentes e das lojas digitais foi, de modo geral, uma bênção para títulos menores. Algumas desenvolvedoras passaram a explorar ideias que dificilmente veriam a luz do dia como sendo um lançamento “premium”, enquanto outras começaram a olhar para gêneros antigos e trazerem abordagens mais modernas para estes.Phantom Breaker Battle Grounds foi um desses casos que vieram nessa onda retrô. Lançado originalmente em 2013 para o Xbox 360 via Xbox Live Arcade, o game era um spin-off de um jogo de luta estilo anime que atingiu relativo sucesso na época.Em 2025, a Rocket Panda Games decidiu relançar o título com o nome Phantom Breaker: Battle Grounds Ultimate para as plataformas atuais, agora rodando na Unreal Engine 5. No entanto, a justificativa para esse retrabalho soa um tanto quanto desnecessária diante do que foi entregue.Limpando Tóquio e o mundo dos demôniosNo universo de Phantom Breaker, uma organização liderada por um ser chamado Phantom organizou um torneio em Tóquio com objetivos obscuros, concedendo poderes a alguns jovens do Japão nesse processo. Em Battle Grounds, esse mesmo antagonista sequestrou Nagi, provocando a ira de Mikoto, Waka, Itsuki e Yuzuha.Dessa vez, o grupo de amigas deve explorar Tóquio atrás da refém, enfrentando hordas de lacaios pelo caminho e também outras figuras relacionadas à história de cada uma. A trama em si é bastante genérica, havendo no máximo algumas mudanças de diálogos dependendo da personagem escolhida no modo história.Phantom Breaker Battle Grounds Ultimate é um beat ‘em up com inspiração clara em jogos de luta, e especialmente, em Guardian Heroes da Treasure. Controlamos uma das personagens em duas lanes, sem movimentação vertical livre, o que permite mais possibilidades para combos aéreos e para atingir vários inimigos com ataques básicos.A influência dos fighting games aparece quando se dá atenção ao esquema de controles, que é similar ao de títulos como Marvel vs. Capcom 3. Os botões de ataque são divididos em fraco, médio e forte, além de um botão dedicado a especiais e outro para troca de rota. Com certas combinações, temos acesso a supers devastadores, combo breakers e buffs temporários.O fluxo de combate é bastante satisfatório no geral, apesar da aventura começar um tanto truncada. Isso se deve ao sistema de upgrades, no qual cada personagem possui uma árvore de habilidades que desbloqueia especiais, ataques em corrida, agarrões e outros recursos que expandem o leque ofensivo. É também dentro desse sistema que evoluímos força, defesa e velocidade.Conforme avançamos nas fases, o combate se revela mais variado e divertido. Iniciar combos no chão, arremessar inimigos para o ar e manter a sequência até os finalizar com algum ataque especial é satisfatório e fácil de compreender, mas difícil de dominar. É preciso ter atenção constante com os inimigos que surgem de todos os lados para evitar interrupções.Apesar disso, é natural que a ação caótica acabe sobrecarregando a visualização e dificultando evitar ataques simplesmente por distração. Existem alguns recursos que auxiliam, como a defesa ao segurar o direcional para trás — que não funciona tão bem nesse tipo de jogo — e um comando para refletir ataques, mas tudo acaba ficando complexo demais de se administrar no meio da confusão.O que temos de novo?A versão Ultimate tenta deixar os embates mais fáceis ao colocar combos automáticos, o que simplifica ainda mais a jogabilidade. Ainda dá para continuar fazendo os comandos antigos sem problemas, mas o button mashing está permitido para quem quiser.Não há outras grandes diferenças, além disso, no remaster. A velocidade da jogabilidade está levemente mais rápida, os supers estão cheios de efeitos chamativos, e há uso de zoom de câmera para dar um ar mais cinematográfico em certas situações. Quem jogou o título original não estranhará o que foi feito na versão nova nesse aspecto.Phantom Breaker Battle Grounds Ultimate também resgata todos os modos presentes na versão original: o modo história, que pode ser jogado em até quatro jogadores; o modo arcade, que permite o uso de mais personagens em uma vida só; o cooperativo, para até quatro jogadores e o modo Battle Grounds, que transforma o beat’em up em um jogo de luta para até oito jogadores.Participei de algumas partidas online no modo cooperativo e encontrei dois problemas. O primeiro foi um atraso considerável nos comandos. O segundo foi a limitação de não poder ajustar a árvore de habilidades após concluir uma fase — e pior ainda: não há um menu dedicado para isso, forçando o jogador a jogar sozinho para realizar qualquer alteração. Por outro lado, a implementação de crossplay entre todas as plataformas é um ponto positivo.Não há adição de fases, personagens ou modos inéditos em Ultimate, o que torna o relançamento um tanto redundante. No máximo, foi adicionada a possibilidade de jogar com os inimigos menores no modo arcade, mas no geral parece ser o mesmo jogo com uma nova camada de tinta por

Abr 23, 2025 - 02:45
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Análise: Phantom Breaker Battle Grounds Ultimate: um divertido beat ‘em up, um remaster desnecessário
A ascensão de títulos independentes e das lojas digitais foi, de modo geral, uma bênção para títulos menores. Algumas desenvolvedoras passaram a explorar ideias que dificilmente veriam a luz do dia como sendo um lançamento “premium”, enquanto outras começaram a olhar para gêneros antigos e trazerem abordagens mais modernas para estes.


Phantom Breaker Battle Grounds foi um desses casos que vieram nessa onda retrô. Lançado originalmente em 2013 para o Xbox 360 via Xbox Live Arcade, o game era um spin-off de um jogo de luta estilo anime que atingiu relativo sucesso na época.

Em 2025, a Rocket Panda Games decidiu relançar o título com o nome Phantom Breaker: Battle Grounds Ultimate para as plataformas atuais, agora rodando na Unreal Engine 5. No entanto, a justificativa para esse retrabalho soa um tanto quanto desnecessária diante do que foi entregue.

Limpando Tóquio e o mundo dos demônios

No universo de Phantom Breaker, uma organização liderada por um ser chamado Phantom organizou um torneio em Tóquio com objetivos obscuros, concedendo poderes a alguns jovens do Japão nesse processo. Em Battle Grounds, esse mesmo antagonista sequestrou Nagi, provocando a ira de Mikoto, Waka, Itsuki e Yuzuha.

Dessa vez, o grupo de amigas deve explorar Tóquio atrás da refém, enfrentando hordas de lacaios pelo caminho e também outras figuras relacionadas à história de cada uma. A trama em si é bastante genérica, havendo no máximo algumas mudanças de diálogos dependendo da personagem escolhida no modo história.

Phantom Breaker Battle Grounds Ultimate é um beat ‘em up com inspiração clara em jogos de luta, e especialmente, em Guardian Heroes da Treasure. Controlamos uma das personagens em duas lanes, sem movimentação vertical livre, o que permite mais possibilidades para combos aéreos e para atingir vários inimigos com ataques básicos.

A influência dos fighting games aparece quando se dá atenção ao esquema de controles, que é similar ao de títulos como Marvel vs. Capcom 3. Os botões de ataque são divididos em fraco, médio e forte, além de um botão dedicado a especiais e outro para troca de rota. Com certas combinações, temos acesso a supers devastadores, combo breakers e buffs temporários.

O fluxo de combate é bastante satisfatório no geral, apesar da aventura começar um tanto truncada. Isso se deve ao sistema de upgrades, no qual cada personagem possui uma árvore de habilidades que desbloqueia especiais, ataques em corrida, agarrões e outros recursos que expandem o leque ofensivo. É também dentro desse sistema que evoluímos força, defesa e velocidade.

Conforme avançamos nas fases, o combate se revela mais variado e divertido. Iniciar combos no chão, arremessar inimigos para o ar e manter a sequência até os finalizar com algum ataque especial é satisfatório e fácil de compreender, mas difícil de dominar. É preciso ter atenção constante com os inimigos que surgem de todos os lados para evitar interrupções.

Apesar disso, é natural que a ação caótica acabe sobrecarregando a visualização e dificultando evitar ataques simplesmente por distração. Existem alguns recursos que auxiliam, como a defesa ao segurar o direcional para trás — que não funciona tão bem nesse tipo de jogo — e um comando para refletir ataques, mas tudo acaba ficando complexo demais de se administrar no meio da confusão.

O que temos de novo?

A versão Ultimate tenta deixar os embates mais fáceis ao colocar combos automáticos, o que simplifica ainda mais a jogabilidade. Ainda dá para continuar fazendo os comandos antigos sem problemas, mas o button mashing está permitido para quem quiser.

Não há outras grandes diferenças, além disso, no remaster. A velocidade da jogabilidade está levemente mais rápida, os supers estão cheios de efeitos chamativos, e há uso de zoom de câmera para dar um ar mais cinematográfico em certas situações. Quem jogou o título original não estranhará o que foi feito na versão nova nesse aspecto.

Phantom Breaker Battle Grounds Ultimate também resgata todos os modos presentes na versão original: o modo história, que pode ser jogado em até quatro jogadores; o modo arcade, que permite o uso de mais personagens em uma vida só; o cooperativo, para até quatro jogadores e o modo Battle Grounds, que transforma o beat’em up em um jogo de luta para até oito jogadores.

Participei de algumas partidas online no modo cooperativo e encontrei dois problemas. O primeiro foi um atraso considerável nos comandos. O segundo foi a limitação de não poder ajustar a árvore de habilidades após concluir uma fase — e pior ainda: não há um menu dedicado para isso, forçando o jogador a jogar sozinho para realizar qualquer alteração. Por outro lado, a implementação de crossplay entre todas as plataformas é um ponto positivo.

Não há adição de fases, personagens ou modos inéditos em Ultimate, o que torna o relançamento um tanto redundante. No máximo, foi adicionada a possibilidade de jogar com os inimigos menores no modo arcade, mas no geral parece ser o mesmo jogo com uma nova camada de tinta por cima.

Fica ainda mais estranho considerando que o jogo original e sua versão aprimorada (Overdrive) já estavam disponíveis para consoles atuais e PC. Com a remoção dessas edições das lojas digitais em favor de Ultimate, a sensação é de que se trata somente de uma justificativa para revender o mesmo conteúdo.

Uma panela grande para um prato simples

Numa visão geral, Phantom Breaker Battle Grounds é um jogo muito bonito. Os personagens são bem animados com uma pixel art linda em estilo de chibi nos modelos, e os cenários 3D com texturas simulando quadrinhos casam muito bem, lembrando jogos de 32 bits (como o próprio Guardian Heroes e Panzer Bandit do PS1) em alta definição.

A troca de motor gráfico para Unreal Engine 5 não trouxe mudanças no estilo artístico em si, apenas melhorou alguns aspectos de técnicas de iluminação. O problema ficou por conta do uso desnecessário do efeito de bloom, que deixou parte dos inimigos, cenários e até balões de diálogos brilhantes e dignos de um jogo dos anos 2000. Não há opção de desativá-los sem mexer nos arquivos de configuração na versão de PC.

Qualquer elemento branco em personagens conta com esse efeito incandescente, mesmo que não faça sentido.
Battle Grounds Ultimate pode deixar alguns veteranos incomodados com a inconsistência do estilo artístico no jogo e da interface, já que a parte de super especiais e os retratos dos personagens são feitos com arte à mão. Não achei um problema no geral, mas tudo seria mais harmônico com o uso de apenas pixel art para as ilustrações.

Já o áudio passou por algumas repaginadas. Uma nova dublagem em inglês foi adicionada, embora não traga grandes melhorias, considerando a simplicidade da história. A trilha sonora também foi rearranjada, agora com uma instrumentação mais realista. Para quem preferir a pegada retrô, ainda é possível alternar para as versões PSG e FM originais.

Independentemente da versão escolhida, as músicas continuam excelentes e empolgantes, combinando perfeitamente com a pancadaria na tela. Usei as faixas da versão FM na maior parte do tempo, e essas remetem bastante à estética sonora dos jogos da placa de arcade CPS-1 e do PC-88 — com aqueles samples de bateria comprimidos que eu tanto aprecio.

O único ponto que me incomodou foi a mixagem dos efeitos sonoros e das vozes. Passei um bom tempo ajustando os sliders de volume, e mesmo assim não consegui encontrar um equilíbrio satisfatório. Alguns sons são altos demais, enquanto os gritos das protagonistas se tornam repetitivos rapidamente.

Um remaster desnecessário de um jogo divertidinho

Phantom Breaker Battle Grounds Ultimate é um remaster desnecessário, no geral. A troca para a Unreal Engine 5 não agrega tanto para um jogo desse tipo, nenhum conteúdo relevante foi adicionado, e apenas serve para introduzir uma trilha sonora remixada, opção de jogar com os inimigos e o crossplay.

Para jogadores novos, como foi meu caso, ainda é uma maneira válida de conhecer Phantom Breaker Battle Grounds, já que ainda é um título divertido por si só. Contudo, para quem já explorou o jogo original, não vejo motivos para voltar às ruas de Tóquio novamente.

Prós:

  • Sistema de combate inspirado em jogos de luta, que trazem bastante diversidade para as batalhas;
  • Dezenas de personagens disponíveis para jogar nos modos PvP e PvE;
  • Trilha sonora empolgante, apresentada em três variações diferentes;
  • Direção de arte charmosa, com uma mistura de pixel art e traços no estilo mangá;
  • Crossplay entre todas as plataformas.

Contras:

  • Uso excessivo de bloom que não adiciona em nada para a apresentação visual;
  • Trata-se essencialmente do mesmo jogo de antes, agora na Unreal Engine 5 e sem grandes adições;
  • Impossibilidade de realizar upgrades ao final das fases no modo cooperativo compromete o ritmo de progressão;
  • Latência notável durante partidas online.
Phantom Breaker Battle Grounds Ultimate — PC/PS4/PS5/XBO/XSX/Switch — Nota: 6.5
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Juliana Piombo dos Santos
Análise produzida com cópia digital cedida pela Rocket Panda
Phantom Breaker: Battle Grounds Ultimate 6.5 PC Phantom Breaker Battle Grounds Ultimate is, overall, an unnecessary remaster. The switch to Unreal Engine 5 doesn't add much to a game of this type, no meaningful content was introduced, and it mainly serves to bring in a remixed soundtrack, the option to play as enemies, and crossplay. For new players, it’s still a valid way to experience Phantom Breaker Battle Grounds, as it remains a fun title on its own. However, for those who’ve already explored the original game, there aren’t many reasons to return to the streets of Tokyo.