Está bem interessante ver a atual atitude da Capcom em relação às suas franquias clássicas. A desenvolvedora não só está apta a trazer de volta antigos títulos em coletâneas, como também tem investido na criação de novas aventuras de séries que estavam esquecidas há muito tempo.
Para surpresa de muitos, Onimusha foi uma das franquias felizardas a ganhar duas grandes novidades. Com o anúncio de um novo jogo para 2026, a Capcom também vai relançar Onimusha 2: Samurai’s Destiny, título lançado originalmente em 2002 para PlayStation 2, nos consoles modernos e no PC.
Tivemos a oportunidade de testar a jornada de Jubei Yagyu remasterizado, com lançamento planejado para 23 de maio para PC, PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series X|S e Switch.
Vaso ruim não quebra
Passando-se no ano de 1573, 13 anos após os eventos de Onimusha: Warlords, Samurai’s Destiny nos mostra outro samurai no lugar de Samanosuke. Controlamos Jubei Yagyu, personagem histórico do Japão e abordado com frequência em histórias por aí. Aqui, ele deve lidar com o retorno do senhor da guerra Oda Nobunaga, vilão do primeiro título, ao mundo dos vivos.
Nobunaga ordenou o ataque de criaturas demoníacas a partes do Japão, entre os locais atingidos, estava a vila de Jubei, onde demônios massacraram os habitantes. O guerreiro chegou tarde demais para salvar alguém, restando somente sacar a espada e enfrentar as criaturas que provocaram o caos.
Com o desejo de vingança pelo ocorrido, Jubei começou a explorar os arredores do local e acabou encontrando um espírito de uma mulher, que o instruiu a procurar cinco pedras místicas. A partir daí, o guerreiro deve seguir para a cidade de Imasho, onde conseguirá poderes, armas, pistas e alianças para derrotar o vilão.
Para quem já experimentou o trabalho realizado no remaster de Onimusha: Warlords, vai se sentir em casa. A Capcom continua fazendo um bom serviço com cenários pré-renderizados em resolução HD, algo bem mais complexo de se fazer do que realizar upscaling de polígonos tridimensionais.
Imagino que tenham utilizado ferramentas de IA para realizar o upscaling, e não notei nenhum artefato dessa conversão durante a primeira parte do jogo. Na verdade, isso até ajudou a ver mais detalhes que eram difíceis de observar em uma TV de tubo da época.
Além disso, o título foi convertido para widescreen, com algumas restrições. Como é comum nesses retrabalhos em cima de jogos que usam cenários pré-renderizados, há um zoom para cortar as partes inferiores e superiores, tentando cobrir toda a tela. Ao chegar nessas extremidades, a câmera se move verticalmente.
Para quem não se incomoda com as barras pretas nas laterais, é possível trocar para a antiga proporção 4:3 a qualquer momento no menu. Essa é a forma como pretendo jogar na maior parte do tempo, especialmente porque a câmera se torna menos claustrofóbica em enquadramentos muito próximos de Jubei.
Ainda na parte técnica, o remaster de Samurai’s Destiny enfim traz o áudio original em japonês disponível internacionalmente. Assim como muitos jogos da Capcom dessa época, a dublagem em inglês é comicamente ruim e não havia a opção de trocar na versão de PS2. Além disso, agora temos Onimusha 2 localizado para português.
Uma nova maneira de jogar
Onimusha 2: Samurai’s Destiny conta com uma estrutura muito similar aos Resident Evil antigos, incluindo os ângulos de câmera fixos e os controles de tanque. Claro, a movimentação era muito mais ágil que na franquia de survival horror por ser um jogo de ação corpo a corpo.
No começo da aventura, vamos nos acostumando com o ritmo diferente de Onimusha: Warlords. Na maior parte do tempo, estaremos em dungeons em busca de itens, derrotando hordas de monstros e resolvendo alguns raros puzzles pelo caminho.
Fora da ação, a cidade de Imasho nos oferece algumas mecânicas puxadas para o RPG. Devemos conversar com vários personagens pela região para descobrir como prosseguir, e dar presentes para alguns deles em troca de itens que podem ser consumíveis simples ou recompensas mais raras, dependendo do tipo de presente e para quem é dado.
As primeiras duas horas são um pouco lentas por conta dessa diferença de propostas, mas ela vai dando uma guinada após adentrarmos o reino dos demônios. É a primeira vez que experimento Onimusha 2, e fiquei intrigado com a proposta, mesmo estranhando esse ritmo inicial.
O combate, por sua vez, é bastante familiar em relação ao do primeiro jogo. A velocidade é mais cadenciada, e o foco está mais voltado para aparar os ataques inimigos e utilizar as armas certas para as devidas ocasiões.
No remaster, o combate é melhorado por conta dos novos controles. O original era estritamente com movimentação em tanque, exigindo um nível de adaptação inicial, mas agora é mais fácil enfrentar múltiplos demônios de uma vez.
Tendo jogado cerca de duas horas e meia, estou curioso para ver até onde a jornada de Jubei Yagyu vai em Onimusha 2: Samurai’s Destiny. Ainda há muitas armas, equipamentos e demônios pela frente, e tudo indica que esta pode ser a maneira definitiva de revisitar esse clássico — bem mais acessível do que tirar a poeira do PS2.
Revisão: Beatriz Castro