Horror nos lagos: algo estranho está acontecendo com as rãs nos Estados Unidos

Nos últimos anos, cientistas têm observado um fenômeno inquietante nos lagos da América do Norte: sapos nascem com deformações bizarras. Alguns apresentam oito patas, outros não têm nenhuma. Seus membros estão torcidos, mal posicionados ou fundidos. Esse fenômeno não é uma mutação natural, mas sim causado por um parasita invisível chamado Ribeiroia ondatrae. Esse verme […]

Mai 11, 2025 - 01:34
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Horror nos lagos: algo estranho está acontecendo com as rãs nos Estados Unidos

Nos últimos anos, cientistas têm observado um fenômeno inquietante nos lagos da América do Norte: sapos nascem com deformações bizarras. Alguns apresentam oito patas, outros não têm nenhuma. Seus membros estão torcidos, mal posicionados ou fundidos. Esse fenômeno não é uma mutação natural, mas sim causado por um parasita invisível chamado Ribeiroia ondatrae.

Esse verme plano segue uma estratégia muito específica para se desenvolver. Ele começa infectando um caracol de água doce, onde se multiplica em grande número. Depois, suas larvas, chamadas cercárias, saem do caracol e nadam até seu próximo hospedeiro: o girino do sapo.

Ao penetrar no girino durante sua metamorfose, o parasita ataca uma área muito específica: as patas. Ele interfere nos sinais químicos que controlam o desenvolvimento normal dos membros, causando anomalias impressionantes. O resultado são patas extras, membros atrofiados ou ausentes, que dificultam a locomoção dos sapos.

Esses sapos deformados tornam-se presas fáceis para aves, que são o hospedeiro final do parasita. O ciclo se completa quando os ovos do parasita são eliminados nas fezes das aves, contaminando novamente a água e infectando novos caracóis.

Mas por que o número de sapos deformados aumentou tanto nas últimas décadas? Uma possível explicação está relacionada ao uso de fertilizantes agrícolas. Uma pesquisa publicada na revista Proceedings of the National Academy of Sciences sugere que, quando chove, parte dos fertilizantes — ricos em fosfatos e nitratos — acaba nos lagos e lagoas.

Esse excesso de nutrientes provoca a proliferação de algas, alimento dos caracóis de água doce. Com mais caracóis disponíveis, o parasita encontra mais hospedeiros para se multiplicar, ampliando o problema.

Esse fenômeno preocupante nos lembra que, na natureza, nada desaparece realmente. A ação humana, mesmo indireta, pode desequilibrar ecossistemas frágeis e prejudicar a vida selvagem. Como destaca a jornalista científica Angèle Ingrand, “é tempo de agir, pois cada um de nós tem impacto, e devemos escolher qual impacto queremos causar”.