Outlive 25: saiba mais sobre o remaster do aclamado RTS brasileiro
Na gamescom latam 2025, o Canaltech pôde conversar com Rodrigo Dal’Asta e Rafael Dolzan, fundadores do estúdio brasileiro Continuum e criadores do jogo Outlive, clássico dos RTS que foi pioneiro na indústria de games nacional. Bastidores da CD Projekt Red: veja como empresa localiza jogos para o português GTA 6: quem são os principais personagens do jogo? Lançado originalmente em 2000, Outlive foi um jogo que alcançou patamares inimagináveis para um estúdio independente brasileiro. O título conseguiu chamar a atenção da Take-Two, dona da Rockstar Games, o que lhe rendeu uma publicação internacional de renome. 25 anos depois, a Continuum está de volta e pronta para celebrar seu legado com Outlive 25, uma versão remasterizada do clássico. A seguir, confira a entrevista com os líderes do projeto. -Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.- Canaltech (CT): Como foi trabalhar com games em uma época em que a indústria nacional era praticamente inexistente? Para conceber Outlive, Rafael e Rodrigo criaram uma engine do zero, visando entregar mais qualidade em seu projeto dos sonhos. A dupla comenta os desafios relacionados não somente a construir essa ferramenta, mas também a criar um jogo que fosse compatível com computadores medianos – que representavam a grande maioria das máquinas brasileiras. “A gente acabou optando por desenvolver uma engine própria porque não tinha muita opção na época, né? Naquela época não tinha tanta facilidade [em encontrar informações], então fizemos um trabalho de análise de concorrência, de tudo que era lançado. Ao ver outras [engines] funcionando, aos poucos desenvolvemos a nossa própria; era uma maneira mais garantida de entregar algo com qualidade” Outlive foi o primeiro jogo brasileiro a receber atenção internacional (Reprodução/YouTube) Em uma época em que os jogos não contavam com distribuição digital, ainda era necessário encontrar formas de distribui-los em mídia física. Os devs comentam como conseguiram chegar na Take-Two e o quão importante foi essa parceria para a popularização do seu jogo: “Naquela época, quando você produzia um jogo, ele era vendido nas lojas em caixinhas e CDs. Uma dificuldade grande é essa disparidade na distribuição; aqui no Brasil a gente passou por dois ou três publicadores diferentes, mas [o jogo] não chegava a ser lançado em todas as cidades. Fora do país a gente teve a publicação pela Take-Two, que também foi um marco na época, para a indústria brasileira. Foi o primeiro jogo na mão de um grande publicador internacional; no mercado americano e europeu ele foi distribuído pela Take-Two” CT: Como se desenrolou o processo de desenvolvimento do Outlive original? Rafael e Rodrigo contam que a comunidade sempre teve um papel determinante no trabalho da Continuum. Eles mantinham contato recorrente com os fãs mais ávidos do projeto e muitos deles serviram como beta testers do jogo. Sua opinião e feedbacks foram valiosos para se alcançar o resultado. “A gente queria muito saber como que os jogadores queriam um jogo de estratégia. Tínhamos nossas opiniões, nós acompanhávamos os jogos dos gringos e queríamos fazer melhor do que eles. Daí a gente fez uma versão demo um ano antes do lançamento e distribuímos para a galera poder jogar; o pessoal jogou e mandou várias opiniões. (...) A gente começou a estreitar o contato e a galera passou a ir na Continuum participar de Alpha Test lá dentro; isso acho que nenhum estúdio faz hoje em dia, né” Os desenvolvedores ficaram muito orgulhosos do seu trabalho, com confiança suficiente para apresentá-lo a algumas publishers internacionais. Muitas delas não lhes deram muita atenção, mas a Take-Two se interessou pelo projeto. O desenvolvimento de Outlive teve participação ativa da comunidade (Reprodução/Continuum) “Passamos meses mandando demos do jogo pra vários publicadores e, em certo momento, a Take-Two se interessou. Preparamos uma demo exclusiva para eles e toda a equipe deles testou; eles ficaram encantados! Sempre falavam que era um jogo pronto, liso, sem bugs e que tinha tudo e mais um pouco no gênero. Aproveitamos uma ida para a E3, em 2000, para fechar o negócio” Outlive teve uma boa repercussão internacional em sua época, recebendo cobertura de veículos renomados como o The New York Times e o IGN norte-americano. Como pioneiro, ele certamente teve grande peso nos primeiros passos da indústria de games brasileira. CT: Sobre Outlive 25, o jogo receberá novidades no gameplay para atender aos padrões modernos? Além das melhorias gráficas, Rafael e Rodrigo estão preparando um pacote de novidades refinado para Outlive 25. Mais uma vez, a opinião da comunidade tem se mostrado decisiva nesse processo de remasterização, então podemos esperar um jogo maior e melhor. “A gente percebeu que o Outlive envelheceu muito bem. Passou-se 20 anos, mas você joga como se estivesse jogando

Na gamescom latam 2025, o Canaltech pôde conversar com Rodrigo Dal’Asta e Rafael Dolzan, fundadores do estúdio brasileiro Continuum e criadores do jogo Outlive, clássico dos RTS que foi pioneiro na indústria de games nacional.
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Lançado originalmente em 2000, Outlive foi um jogo que alcançou patamares inimagináveis para um estúdio independente brasileiro. O título conseguiu chamar a atenção da Take-Two, dona da Rockstar Games, o que lhe rendeu uma publicação internacional de renome. 25 anos depois, a Continuum está de volta e pronta para celebrar seu legado com Outlive 25, uma versão remasterizada do clássico.
A seguir, confira a entrevista com os líderes do projeto.
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Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.
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Canaltech (CT): Como foi trabalhar com games em uma época em que a indústria nacional era praticamente inexistente?
Para conceber Outlive, Rafael e Rodrigo criaram uma engine do zero, visando entregar mais qualidade em seu projeto dos sonhos. A dupla comenta os desafios relacionados não somente a construir essa ferramenta, mas também a criar um jogo que fosse compatível com computadores medianos – que representavam a grande maioria das máquinas brasileiras.
“A gente acabou optando por desenvolver uma engine própria porque não tinha muita opção na época, né? Naquela época não tinha tanta facilidade [em encontrar informações], então fizemos um trabalho de análise de concorrência, de tudo que era lançado. Ao ver outras [engines] funcionando, aos poucos desenvolvemos a nossa própria; era uma maneira mais garantida de entregar algo com qualidade”

Em uma época em que os jogos não contavam com distribuição digital, ainda era necessário encontrar formas de distribui-los em mídia física. Os devs comentam como conseguiram chegar na Take-Two e o quão importante foi essa parceria para a popularização do seu jogo:
“Naquela época, quando você produzia um jogo, ele era vendido nas lojas em caixinhas e CDs. Uma dificuldade grande é essa disparidade na distribuição; aqui no Brasil a gente passou por dois ou três publicadores diferentes, mas [o jogo] não chegava a ser lançado em todas as cidades. Fora do país a gente teve a publicação pela Take-Two, que também foi um marco na época, para a indústria brasileira. Foi o primeiro jogo na mão de um grande publicador internacional; no mercado americano e europeu ele foi distribuído pela Take-Two”
CT: Como se desenrolou o processo de desenvolvimento do Outlive original?
Rafael e Rodrigo contam que a comunidade sempre teve um papel determinante no trabalho da Continuum. Eles mantinham contato recorrente com os fãs mais ávidos do projeto e muitos deles serviram como beta testers do jogo. Sua opinião e feedbacks foram valiosos para se alcançar o resultado.
“A gente queria muito saber como que os jogadores queriam um jogo de estratégia. Tínhamos nossas opiniões, nós acompanhávamos os jogos dos gringos e queríamos fazer melhor do que eles. Daí a gente fez uma versão demo um ano antes do lançamento e distribuímos para a galera poder jogar; o pessoal jogou e mandou várias opiniões. (...) A gente começou a estreitar o contato e a galera passou a ir na Continuum participar de Alpha Test lá dentro; isso acho que nenhum estúdio faz hoje em dia, né”
Os desenvolvedores ficaram muito orgulhosos do seu trabalho, com confiança suficiente para apresentá-lo a algumas publishers internacionais. Muitas delas não lhes deram muita atenção, mas a Take-Two se interessou pelo projeto.
“Passamos meses mandando demos do jogo pra vários publicadores e, em certo momento, a Take-Two se interessou. Preparamos uma demo exclusiva para eles e toda a equipe deles testou; eles ficaram encantados! Sempre falavam que era um jogo pronto, liso, sem bugs e que tinha tudo e mais um pouco no gênero. Aproveitamos uma ida para a E3, em 2000, para fechar o negócio”
Outlive teve uma boa repercussão internacional em sua época, recebendo cobertura de veículos renomados como o The New York Times e o IGN norte-americano. Como pioneiro, ele certamente teve grande peso nos primeiros passos da indústria de games brasileira.
CT: Sobre Outlive 25, o jogo receberá novidades no gameplay para atender aos padrões modernos?
Além das melhorias gráficas, Rafael e Rodrigo estão preparando um pacote de novidades refinado para Outlive 25. Mais uma vez, a opinião da comunidade tem se mostrado decisiva nesse processo de remasterização, então podemos esperar um jogo maior e melhor.
“A gente percebeu que o Outlive envelheceu muito bem. Passou-se 20 anos, mas você joga como se estivesse jogando um jogo atual. Nós confiamos muito nisso, ele [Outlive] ainda é muito legal e jogável, então resta melhorar questões pontuais de jogabilidade que não estavam muito boas. Vamos deixá-lo com uma interface bem satisfatória, tanto para o público daquela época quanto para o público mais novo”
Os devs também contam que o remaster estará mais dinâmico, permitindo aos jogadores programarem ações específicas para suas tropas de acordo com a situação. Assim, elas reagem de forma automática, dispensando a necessidade de receber essas ordens o tempo inteiro no meio da ação.
“Por exemplo: se a unidade está com o HP baixo, você pode configurar para que ela volte pra base para se curar e depois voltar para o campo de batalha, sem o jogador ter que intervir. Isso vai acabar com aqueles casos em que a unidade fica imóvel e morre feito uma bomba, que sempre dá raiva no jogador, né? Tem várias coisas que fizemos para dar essa autonomia para as unidades, permitindo que o jogador se concentre mais nesse controle estratégico”

O editor de campanhas também retorna no remaster e com vários planos de expansão. A ferramenta pode garantir a longevidade do jogo por tempo indeterminado, então a dupla garante que dará uma atenção especial nessa função.
“Já era um editor razoavelmente flexível - você podia criar mapas, campanhas, tinha um editor de eventos que é bem legal etc. Agora, estamos planejando tornar ele ainda mais flexível, porque essa é a grande pedida pro momento. O jogador vai poder customizar e fazer um novo estilo de jogo. A ideia é fazer algo assim e entregar na mão da comunidade, porque da criatividade do público, principalmente do brasileiro, sai muita coisa boa”
CT: Quais são os planos para o futuro?
Em seu retorno, a Continuum já citou várias vezes um “universo Outlive”, visando expandir sua franquia com mais jogos ou expansões. No momento, Rafael e Rodrigo se mostram focados nessa ideia, mas não descartam a possibilidade de aumentar o catálogo do estúdio com títulos fora desse escopo.
“Planos, eu diria que sempre tem, né? A gente precisa dar um passo de cada vez, porque são muitas possibilidades. Seja lançar um DLC ou portar pra uma plataforma diferente, quem sabe? Eu acho que é um caminho viável [lançar novos jogos], imagino que não seja para esse primeiro momento, masa gente nunca descarta, né? Tá sempre na nossa mira”
Outlive 25 será lançado exclusivamente para PC, mas segue sem data de lançamento confirmada.
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