Saiba como Neil DeGrasse Tyson mudou a origem do Superman

Todo mundo conhece essa história: pais cientistas desesperados com a explosão de seu mundo condenado envia o filho para outro planeta a fim de salvá-lo, e, ao chegar na Terra, o pequeno apresenta poderes e se torna um herói e símbolo de esperança. A primeira imagem que nos vem à mente é a de uma cápsula em formato de nave, singrando o espaço até chegar em nosso mundo. A origem do Superman é uma das mais famosas da cultura pop. E você sabia que ela mudou graças a uma revisão científica do físico Neil DeGrasse Tyson? Superman tem sua origem recontada à perfeição em apenas 4 painéis Superman: 4 HQs que influenciaram o novo filme de James Gunn Quando o Superman estreou lá no começo dos anos 1930, ninguém tinha acesso a tanta informação como hoje, e nem mesmo o mundo sabia tanto sobre ciência — e a respeito do cosmos. E em uma revista de ficção e fantasia, ainda mais nos dias mais inocentes, nenhum autor se preocupava em explicar conceitos como uma viagem interplanetária. Por isso, a preocupação com alguma verossimilhança era zero. Só que a Era de Prata dos Quadrinhos trouxe vários elementos científicos, e, ao longo do tempo, os leitores também ficaram mais exigentes, assim como as tramas também se tornaram mais complexas. E, né, na atual Era da Informação, os enredos e personagens, mesmo os mais absurdos, precisa ter algum contato lógico com a realidade. -Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.- Embora nos quadrinhos de super-heróis tenhamos um vasto repertório de coisas sem sentido, as editoras têm se esforçado para dar cada vez mais uma explicação mais aceitável e coerente com a realidade para diversos assuntos — veja bem, até o Batman vem sofrendo atualmente as consequências de uma vida de pouco sono e muitos ferimentos, com direito a problemas mentais por conta disso. E, durante os primeiros dias do reboot Novos 52, no começo dos anos 2010, a DC Comics aproveitou um novo início do Superman, com uma versão bem mais jovem, para explicar direito alguns detalhes que nunca foram realmente bem explorados de forma verossímil no passado.  O próprio Neil DeGrasse Tyson aparece na trama para explicar onde fica Krypton (Imagem: Reprodução/DC Comics) E isso inclui sua famosa origem e a longa viagem interplanetária que o trouxe até aqui, de uma hora para outra, sem que ele envelhecesse um aninho sequer de vida dentro de uma cápsula que parecia um berço dentro de um aquário. Para dar mais estofo e um pouco mais de contato com a realidade, a DC Comics resolveu, então, revisar cientificamente esse importante momento da vida do Homem de Aço. Para isso, a editora convocou um dos astrofísicos mais famosos do mundo: Neil DeGrasse Tyson. Nova origem do Superman após a revisão científica Em dezembro de 2012, Neil deGrasse Tyson foi entrevistado por David Greene da NPR para discutir sua colaboração com a DC Comics. O astrofísico disse que discutiu a fundo com a DC para, primeiramente, estabelecer onde Krypton teoricamente estaria no espaço sideral. Tyson ajudou a equipe criativa com os dados e estimou que Krypton precisaria estar a aproximadamente 27 anos-luz de distância. Ele também sugeriu que, quando bebê, o Superman precisava viajar mais rápido que a velocidade da luz para a Terra ou, pelo menos, utilizar um buraco de minhoca para transporte instantâneo. Uma vez que ficou claro que a história envolveria o Superman testemunhando a destruição de Krypton, Tyson e a equipe criativa decidiram que o Bebê de Aço viajaria por um buraco de minhoca. Como o planeta natal de Clark Kent orbitava uma estrela vermelha, o cientista usou como referência um astro parecido, a cerca de 27 anos-luz de distância, LHS 2520, permitindo que a DC Comics aproximasse onde esse mundo poderia estar. Assim, Action Comics #14, de 2013, Superman chega ao Planetário Hayden e trabalha com os astrofísicos para compilar dados de uma centena de telescópios em todo o mundo. Ali, ele encontra a localização de Krypton, mas como a luz do planeta ainda está chegando à Terra, o Homem de Aço consegue ver a destruição de seu mundo natal em primeira mão.  Tyson estima que Krypton teoricamente esteja a 27 anos-luz da Terra (Imagem: Reprodução/DC Comics) Tyson até faz uma ponta na história e observa que, embora Krypton possa ter explodido anos atrás, para Superman, o planeta morreu naquela noite. Vale lembrar que, com origem revisada, Kal-El chegou à Terra instantaneamente por um buraco de minhoca. Então, essa nova origem, além de oferecer uma interessante estrutura científica real, também trouxe consequências narrativas. Faz tempo que a DC Comics não volta a esse assunto, e nem mesmo dá para saber se essa revisão científica ainda está valendo na origem do Superman. Contudo, chamar um cientista como Neil DeGrasse Tyson para colaborar foi algo muito interessante e que gostaríamos de ver mais nos dias de hoje. Leia a matéria no Canaltech.

Mar 21, 2025 - 18:47
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Saiba como Neil DeGrasse Tyson mudou a origem do Superman

Todo mundo conhece essa história: pais cientistas desesperados com a explosão de seu mundo condenado envia o filho para outro planeta a fim de salvá-lo, e, ao chegar na Terra, o pequeno apresenta poderes e se torna um herói e símbolo de esperança. A primeira imagem que nos vem à mente é a de uma cápsula em formato de nave, singrando o espaço até chegar em nosso mundo. A origem do Superman é uma das mais famosas da cultura pop. E você sabia que ela mudou graças a uma revisão científica do físico Neil DeGrasse Tyson?

Quando o Superman estreou lá no começo dos anos 1930, ninguém tinha acesso a tanta informação como hoje, e nem mesmo o mundo sabia tanto sobre ciência — e a respeito do cosmos. E em uma revista de ficção e fantasia, ainda mais nos dias mais inocentes, nenhum autor se preocupava em explicar conceitos como uma viagem interplanetária. Por isso, a preocupação com alguma verossimilhança era zero.

Só que a Era de Prata dos Quadrinhos trouxe vários elementos científicos, e, ao longo do tempo, os leitores também ficaram mais exigentes, assim como as tramas também se tornaram mais complexas. E, né, na atual Era da Informação, os enredos e personagens, mesmo os mais absurdos, precisa ter algum contato lógico com a realidade.

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Embora nos quadrinhos de super-heróis tenhamos um vasto repertório de coisas sem sentido, as editoras têm se esforçado para dar cada vez mais uma explicação mais aceitável e coerente com a realidade para diversos assuntos — veja bem, até o Batman vem sofrendo atualmente as consequências de uma vida de pouco sono e muitos ferimentos, com direito a problemas mentais por conta disso.

E, durante os primeiros dias do reboot Novos 52, no começo dos anos 2010, a DC Comics aproveitou um novo início do Superman, com uma versão bem mais jovem, para explicar direito alguns detalhes que nunca foram realmente bem explorados de forma verossímil no passado. 

O próprio Neil DeGrasse Tyson aparece na trama para explicar onde fica Krypton (Imagem: Reprodução/DC Comics)

E isso inclui sua famosa origem e a longa viagem interplanetária que o trouxe até aqui, de uma hora para outra, sem que ele envelhecesse um aninho sequer de vida dentro de uma cápsula que parecia um berço dentro de um aquário.

Para dar mais estofo e um pouco mais de contato com a realidade, a DC Comics resolveu, então, revisar cientificamente esse importante momento da vida do Homem de Aço. Para isso, a editora convocou um dos astrofísicos mais famosos do mundo: Neil DeGrasse Tyson.

Nova origem do Superman após a revisão científica

Em dezembro de 2012, Neil deGrasse Tyson foi entrevistado por David Greene da NPR para discutir sua colaboração com a DC Comics. O astrofísico disse que discutiu a fundo com a DC para, primeiramente, estabelecer onde Krypton teoricamente estaria no espaço sideral.

Tyson ajudou a equipe criativa com os dados e estimou que Krypton precisaria estar a aproximadamente 27 anos-luz de distância. Ele também sugeriu que, quando bebê, o Superman precisava viajar mais rápido que a velocidade da luz para a Terra ou, pelo menos, utilizar um buraco de minhoca para transporte instantâneo.

Uma vez que ficou claro que a história envolveria o Superman testemunhando a destruição de Krypton, Tyson e a equipe criativa decidiram que o Bebê de Aço viajaria por um buraco de minhoca. Como o planeta natal de Clark Kent orbitava uma estrela vermelha, o cientista usou como referência um astro parecido, a cerca de 27 anos-luz de distância, LHS 2520, permitindo que a DC Comics aproximasse onde esse mundo poderia estar.

Assim, Action Comics #14, de 2013, Superman chega ao Planetário Hayden e trabalha com os astrofísicos para compilar dados de uma centena de telescópios em todo o mundo. Ali, ele encontra a localização de Krypton, mas como a luz do planeta ainda está chegando à Terra, o Homem de Aço consegue ver a destruição de seu mundo natal em primeira mão. 

Tyson estima que Krypton teoricamente esteja a 27 anos-luz da Terra (Imagem: Reprodução/DC Comics)

Tyson até faz uma ponta na história e observa que, embora Krypton possa ter explodido anos atrás, para Superman, o planeta morreu naquela noite. Vale lembrar que, com origem revisada, Kal-El chegou à Terra instantaneamente por um buraco de minhoca. Então, essa nova origem, além de oferecer uma interessante estrutura científica real, também trouxe consequências narrativas.

Faz tempo que a DC Comics não volta a esse assunto, e nem mesmo dá para saber se essa revisão científica ainda está valendo na origem do Superman. Contudo, chamar um cientista como Neil DeGrasse Tyson para colaborar foi algo muito interessante e que gostaríamos de ver mais nos dias de hoje.

Leia a matéria no Canaltech.