The Last of Us - 2x04: Day One | Frenesi e instabilidade narrativa marcam primeiro dia de Ellie em Seattle

“Day One” marca o primeiro dia de caçada e conflitos de Ellie e Dina em Seattle, território  disputado pela W.L.F e Serafitas. O episódio de The Last of Us é recheado de sequências de ação, além de contar um pouco da origem de Isaac, líder da W.L.F, e mostrar como a guerra entre os dois grupos causa ramificações violentas pela cidade.A fé e o militarismoComo já demonstrado superficialmente  no episódio anterior, os Lobos e os Cicatrizes estão em um conflito sangrento. Logo na cena com Isaac e um refém serafita, é possível ver como as diversas ações de violência que um grupo perpetua sobre o outro geraram uma desumanização extrema dos dois lados.Isaac, brilhantemente interpretado aqui por Jeffrey Wright (que também fez o mesmo papel no jogo), demonstra ser um homem pragmático, cruel e perturbado pela violência desinibida. Originalmente um membro da Fedra, o soldado se juntou a W.L.F na esperança de se tornar um bastião de justiça contra a ditadura dos militares do governo, que acabaram se tornando aquilo que haviam jurado destruir. Sob o comando de Isaac, a W.L.F cerca Seattle como uma zona de guerra, algo bem parecido com o que a Fedra fazia: os soldados matam sem avisar e praticam genocídio e tortura em prol do bem maior para si próprios Por outro lado, os religiosos Serafitas também passam sua mensagem, matando os lobos e expondo seus corpos de forma grotesca como aviso.Fiquei feliz de ver que a violência serafita não foi omitida, e que a série pelo menos se esforçou para demonstrar o quanto a desumanização empenhada pelos grupos foi capaz de criar um conflito sem pé nem cabeça que se transformou uma máquina de moer pessoas, num cenário no qual todos deveriam se juntar contra os infectados.Sobrevivendo a todo custoEllie e Dina finalmente dão de cara com os horrores do conflito das facções com a sequência do prédio da emissora. É curioso ver que, sem o fator gameplay, Ellie se apequena diante dos soldados da W.L.F. Se no jogo ela é uma máquina de matar, além decruel e eficiente, com capacidade de  eliminar dezenas de soldados, na série a história é diferente.Dado o físico de Bella Ramsay, talvez seja exagero tentar emular o gameplay no live action, o que torna os conflitos relacionados às duas garotas muito mais uma fuga pela sobrevivência do que de fato uma luta. Eu pessoalmente também gosto dessa abordagem, mas confesso que o ódio sanguinário que vemos na Ellie do jogo quase nunca aparece aqui.Ainda sobre a psique de Ellie, a série quase nunca consegue pesar de forma concisa a morte de Joel nem no emocional da personagem nem no público. Tirando a cena do cemitério no terceiro episódio, boa parte das interações com Ellie são quase juvenis, como se ela e Dina estivessem no seu próprio filme road trip de sessão da tarde.Quando tenta desenvolver os dramas das personagens, o roteiro força situações distintas a acontecerem como se fossem de fato conexas. A gravidez de Dina, a imunidade de Ellie e a tensão sexual das duas poderiam ser trabalhadas de forma muito mais sutil durante os episódios.Mas a escolha dos roteiristas foi juntar tudo em uma das cenas mais vergonhosas da produção, abusando da máxima “pessoas fazem coisas inusitadas depois de fortes emoções”. O que salva a sequência de verdade é a atuação de Merced que mais uma vez rouba a cena com carisma e sensibilidade.Presságios da guerraAo fim do episódio, Ellie vê no horizonte o conflito das facções ganhando forma e se transformando em uma guerra civil. A escala da guerra revela uma ameaça ainda maior para a personagem do que os infectados ou os amigos de Abby. Será que vale a pena se infiltrar em um dos maiores grupos armados da região, enquanto este está em seu auge paranoico homicida, apenas para se vingar de uma pessoa?Revisão: Juliana Piombo SantosMatéria originalmente publicada no GameBlast.

Mai 9, 2025 - 20:59
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The Last of Us - 2x04: Day One | Frenesi e instabilidade narrativa marcam primeiro dia de Ellie em Seattle

“Day One” marca o primeiro dia de caçada e conflitos de Ellie e Dina em Seattle, território  disputado pela W.L.F e Serafitas. O episódio de The Last of Us é recheado de sequências de ação, além de contar um pouco da origem de Isaac, líder da W.L.F, e mostrar como a guerra entre os dois grupos causa ramificações violentas pela cidade.

A fé e o militarismo



Como já demonstrado superficialmente  no episódio anterior, os Lobos e os Cicatrizes estão em um conflito sangrento. Logo na cena com Isaac e um refém serafita, é possível ver como as diversas ações de violência que um grupo perpetua sobre o outro geraram uma desumanização extrema dos dois lados.

Isaac, brilhantemente interpretado aqui por Jeffrey Wright (que também fez o mesmo papel no jogo), demonstra ser um homem pragmático, cruel e perturbado pela violência desinibida. Originalmente um membro da Fedra, o soldado se juntou a W.L.F na esperança de se tornar um bastião de justiça contra a ditadura dos militares do governo, que acabaram se tornando aquilo que haviam jurado destruir. 




Sob o comando de Isaac, a W.L.F cerca Seattle como uma zona de guerra, algo bem parecido com o que a Fedra fazia: os soldados matam sem avisar e praticam genocídio e tortura em prol do bem maior para si próprios Por outro lado, os religiosos Serafitas também passam sua mensagem, matando os lobos e expondo seus corpos de forma grotesca como aviso.

Fiquei feliz de ver que a violência serafita não foi omitida, e que a série pelo menos se esforçou para demonstrar o quanto a desumanização empenhada pelos grupos foi capaz de criar um conflito sem pé nem cabeça que se transformou uma máquina de moer pessoas, num cenário no qual todos deveriam se juntar contra os infectados.

Sobrevivendo a todo custo



Ellie e Dina finalmente dão de cara com os horrores do conflito das facções com a sequência do prédio da emissora. É curioso ver que, sem o fator gameplay, Ellie se apequena diante dos soldados da W.L.F. Se no jogo ela é uma máquina de matar, além decruel e eficiente, com capacidade de  eliminar dezenas de soldados, na série a história é diferente.

Dado o físico de Bella Ramsay, talvez seja exagero tentar emular o gameplay no live action, o que torna os conflitos relacionados às duas garotas muito mais uma fuga pela sobrevivência do que de fato uma luta. Eu pessoalmente também gosto dessa abordagem, mas confesso que o ódio sanguinário que vemos na Ellie do jogo quase nunca aparece aqui.




Ainda sobre a psique de Ellie, a série quase nunca consegue pesar de forma concisa a morte de Joel nem no emocional da personagem nem no público. Tirando a cena do cemitério no terceiro episódio, boa parte das interações com Ellie são quase juvenis, como se ela e Dina estivessem no seu próprio filme road trip de sessão da tarde.

Quando tenta desenvolver os dramas das personagens, o roteiro força situações distintas a acontecerem como se fossem de fato conexas. A gravidez de Dina, a imunidade de Ellie e a tensão sexual das duas poderiam ser trabalhadas de forma muito mais sutil durante os episódios.




Mas a escolha dos roteiristas foi juntar tudo em uma das cenas mais vergonhosas da produção, abusando da máxima “pessoas fazem coisas inusitadas depois de fortes emoções”. O que salva a sequência de verdade é a atuação de Merced que mais uma vez rouba a cena com carisma e sensibilidade.

Presságios da guerra

Ao fim do episódio, Ellie vê no horizonte o conflito das facções ganhando forma e se transformando em uma guerra civil. A escala da guerra revela uma ameaça ainda maior para a personagem do que os infectados ou os amigos de Abby. Será que vale a pena se infiltrar em um dos maiores grupos armados da região, enquanto este está em seu auge paranoico homicida, apenas para se vingar de uma pessoa?


Revisão: Juliana Piombo Santos