O11Y e Negócio, uma aproximação necessária

Estava pensando em Observabilidade quando falamos de Negócio. Essa comunicação, para mim, sempre foi algo bem diferente — como se fossem mundos que não se comunicam. Às vezes, parece até que estamos "invadindo" um território que seria de BI, Data Science, Analytics... Mas, se formos olhar o que estamos fazendo enquanto equipe de Observabilidade, nós acabamos sendo "primos" dessas áreas de Dados — talvez até irmãos. Se somos "irmãos" dessas áreas, então por que não estamos levando esse sobrenome quando nos identificamos? Por que não estamos usando estratégias, conceitos **e **gerando insights da mesma forma — ou de uma forma muito parecida — como essas áreas fazem? Penso em duas coisas quando olho para isso: Primeiro, e talvez o mais "ofensor", é a questão de quem fomos. Muitos de nós entramos nessa área, e como ela é organizada nas empresas, como uma área técnica, não ligada ao Negócio diretamente. E, em muitos casos, nem mesmo em um nível mais próximo de relacionamento. Isso faz com que nossa comunicação e forma de pensar seja muito técnica. Falamos todos os dias com analistas de Banco de Dados, Sistemas Operacionais, etc... É um linguajar técnico, protocolar: "troubleshooting", "thresholds"... Essa língua faz com que nosso meio se torne centrado em um público específico. E esse público — que a priori achamos que são nossos "irmãos" — faz com que, ao pensarmos no Negócio, olhemos para ele de forma diferente. Em alguns casos, até com certo desdém ou vergonha, por desconhecer o que realmente fazem. Segundo, vejo muito em relação à infraestrutura **entregue e seus **limites operacionais. O orçamento **de uma área como BI costuma ser muito maior do que o da Observabilidade, muito por conta da história que essa área carrega e principalmente por como ela nasceu — BI surgiu da necessidade de **entender como o Negócio está, e não como a infraestrutura dos sistemas do Negócio está. Então, muitas vezes não teremos orçamento para armazenar dados de pedidos de uma loja ou gerar análises em tempo real, e o analista de Observabilidade, em geral, não tem todo o conhecimento necessário para construir visões que permitam isso. Também não teremos, muitas vezes, a disponibilidade imediata que o Negócio precisa para gerar ou atualizar dashboards que realmente traduzam as necessidades do Negócio — e não apenas da Infraestrutura. Mas é aí que vem o que eu acho genial: como uma área pode, sem necessariamente sobrescrever a outra, gerar insights iniciais para o Negócio — e, a partir disso, levar para análises mais profundas. Quando comecei a falar com o Negócio, tive muita dificuldade. Foi quase como aprender uma segunda língua. O “Tecniques” é muito fácil, dado o meu histórico profissional. Entender o que o Negócio quer não é só saber quanto a loja vendeu. É ir além. Esse “além” me fez retrabalhar muita coisa, até eu começar a entender o B-A-BA do Negócio. Sempre ouvimos e repetimos que nossa área é "estar sempre aprendendo, sempre estudando, sempre aparece algo novo", mas vejo — pelo menos da minha parte — que deixei para trás algo que já existia: essa língua. Antes de existir a Infraestrutura de TI, existia o Negócio, a Empresa, a Motivação. Voltando ao início (hehe), vejo que nossa área de Observabilidade não precisa necessariamente ter todos os dados do pedido, mas, se entendermos como a equipe de Vendas lida com esses dados, podemos levar a eles informações sobre o comportamento desses dados, previsibilidade, e aplicar cálculos estatísticos que façam com que "bater o olho no dash" seja algo produtivo. "Qual foi minha margem de clientes no site que olharam produtos, colocaram no carrinho e finalizaram a compra?" Não precisamos ter todos os dados sobre o cliente, o site, o produto, o carrinho ou a finalização. O que precisamos é entender o fluxo e qual dado pode ser utilizado para conectar esses pontos e gerar informação útil. “Ah, mas eu quero saber quais foram esses clientes, quais produtos, etc...” Aí hoje, você fala com o time de BI, Data Science, Analytics... Mas à medida que evoluirmos, mostrarmos nossa potência, nossa vontade de ir além, podemos mostrar para o Negócio que não é só o BI que pode responder às suas perguntas — mas a Observabilidade também. Um produto teve uma queda nas vendas em comparação aos últimos 7 dias e ao mesmo período do ano passado. Por quê? Vimos que o tracing coletou erro em um ponto do site. O log mostra a mensagem da aplicação com detalhes. As métricas informam problemas de performance na infraestrutura. Ou... o produto simplesmente saiu de moda e precisamos renová-lo para este ano. Estamos conectados à Infraestrutura porque nos colocaram lá. Estamos conectados às áreas de Dados porque trabalhamos com os mesmos elementos: dados, indicadores, correlações, padrões. Mas perdemos a língua falada pelo Negócio. Será que somos filhos de um pai com duas famílias? (hehehe)

May 5, 2025 - 18:21
 0
O11Y e Negócio, uma aproximação necessária

Estava pensando em Observabilidade quando falamos de Negócio. Essa comunicação, para mim, sempre foi algo bem diferente — como se fossem mundos que não se comunicam. Às vezes, parece até que estamos "invadindo" um território que seria de BI, Data Science, Analytics...

Mas, se formos olhar o que estamos fazendo enquanto equipe de Observabilidade, nós acabamos sendo "primos" dessas áreas de Dados — talvez até irmãos.
Se somos "irmãos" dessas áreas, então por que não estamos levando esse sobrenome quando nos identificamos?
Por que não estamos usando estratégias, conceitos **e **gerando insights da mesma forma — ou de uma forma muito parecida — como essas áreas fazem?

Penso em duas coisas quando olho para isso:

  • Primeiro, e talvez o mais "ofensor", é a questão de quem fomos. Muitos de nós entramos nessa área, e como ela é organizada nas empresas, como uma área técnica, não ligada ao Negócio diretamente. E, em muitos casos, nem mesmo em um nível mais próximo de relacionamento. Isso faz com que nossa comunicação e forma de pensar seja muito técnica. Falamos todos os dias com analistas de Banco de Dados, Sistemas Operacionais, etc... É um linguajar técnico, protocolar: "troubleshooting", "thresholds"... Essa língua faz com que nosso meio se torne centrado em um público específico. E esse público — que a priori achamos que são nossos "irmãos" — faz com que, ao pensarmos no Negócio, olhemos para ele de forma diferente. Em alguns casos, até com certo desdém ou vergonha, por desconhecer o que realmente fazem.
  • Segundo, vejo muito em relação à infraestrutura **entregue e seus **limites operacionais. O orçamento **de uma área como BI costuma ser muito maior do que o da Observabilidade, muito por conta da história que essa área carrega e principalmente por como ela nasceu — BI surgiu da necessidade de **entender como o Negócio está, e não como a infraestrutura dos sistemas do Negócio está. Então, muitas vezes não teremos orçamento para armazenar dados de pedidos de uma loja ou gerar análises em tempo real, e o analista de Observabilidade, em geral, não tem todo o conhecimento necessário para construir visões que permitam isso. Também não teremos, muitas vezes, a disponibilidade imediata que o Negócio precisa para gerar ou atualizar dashboards que realmente traduzam as necessidades do Negócio — e não apenas da Infraestrutura.

Imagem de um homem sentado na frente do notebook enquanto pensa em tecnologias

Mas é aí que vem o que eu acho genial: como uma área pode, sem necessariamente sobrescrever a outra, gerar insights iniciais para o Negócio — e, a partir disso, levar para análises mais profundas.

Quando comecei a falar com o Negócio, tive muita dificuldade. Foi quase como aprender uma segunda língua.
O “Tecniques” é muito fácil, dado o meu histórico profissional.
Entender o que o Negócio quer não é só saber quanto a loja vendeu. É ir além.
Esse “além” me fez retrabalhar muita coisa, até eu começar a entender o B-A-BA do Negócio.

Sempre ouvimos e repetimos que nossa área é "estar sempre aprendendo, sempre estudando, sempre aparece algo novo", mas vejo — pelo menos da minha parte — que deixei para trás algo que já existia: essa língua.
Antes de existir a Infraestrutura de TI, existia o Negócio, a Empresa, a Motivação.

Voltando ao início (hehe), vejo que nossa área de Observabilidade não precisa necessariamente ter todos os dados do pedido, mas, se entendermos como a equipe de Vendas lida com esses dados, podemos levar a eles informações sobre o comportamento desses dados, previsibilidade, e aplicar cálculos estatísticos que façam com que "bater o olho no dash" seja algo produtivo.
"Qual foi minha margem de clientes no site que olharam produtos, colocaram no carrinho e finalizaram a compra?"

Não precisamos ter todos os dados sobre o cliente, o site, o produto, o carrinho ou a finalização. O que precisamos é entender o fluxo e qual dado pode ser utilizado para conectar esses pontos e gerar informação útil.
“Ah, mas eu quero saber quais foram esses clientes, quais produtos, etc...”
Aí hoje, você fala com o time de BI, Data Science, Analytics...
Mas à medida que evoluirmos, mostrarmos nossa potência, nossa vontade de ir além, podemos mostrar para o Negócio que não é só o BI que pode responder às suas perguntas — mas a Observabilidade também.

Um gráfico em linha comparando o ano atual de vendas com o ano anterior, sendo os último meses com menor venda em relação ao ano passado

Um produto teve uma queda nas vendas em comparação aos últimos 7 dias e ao mesmo período do ano passado.
Por quê?
Vimos que o tracing coletou erro em um ponto do site.
O log mostra a mensagem da aplicação com detalhes.
As métricas informam problemas de performance na infraestrutura.
Ou... o produto simplesmente saiu de moda e precisamos renová-lo para este ano.

Estamos conectados à Infraestrutura porque nos colocaram lá.
Estamos conectados às áreas de Dados porque trabalhamos com os mesmos elementos: dados, indicadores, correlações, padrões.
Mas perdemos a língua falada pelo Negócio.

Será que somos filhos de um pai com duas famílias? (hehehe)