Análise: BlazBlue Entropy Effect traz lutas estilosas e combos impressionantes em um roguelike modesto

Em meio a tantos roguelikes de ação, BlazBlue Entropy Effect chama a atenção com visual impactante e ação eletrizante. Pegando emprestado personagens da famosa franquia de luta, o jogo conta com combates ágeis repletos de combos elaborados e boa variedade nos estilos de batalha. As partidas são intensas e envolventes, mas alguns aspectos pouco explorados e elementos roguelike que contam com impacto limitado prejudicam a dinâmica do jogo. Lutando dentro da menteApesar do nome, BlazBlue Entropy Effect não é um título oficial da franquia de luta, mas sim uma experiência separada que utiliza os personagens da série. Neste universo, o mundo foi tomado por partículas misteriosas que quase extinguiram a humanidade. Os sobreviventes vivem no ACE, um espaço virtual em que todos passam por Treinamentos Mentais para proteger o cérebro contra a ação desses fragmentos. Nesse contexto, acompanhamos ACER, um usuário que descobre algumas informações sobre o que realmente aconteceu com o mundo e decide investigar tais mistérios a fundo.A experiência propriamente dita está nos Treinamentos Mentais, que são estruturados em partidas de ação e plataforma 2D. Nelas, escolhemos um entre dez personagens do elenco de BlazBlue e enfrentamos inimigos e chefes em diferentes estágios. Os lutadores começam com alguns movimentos básicos e, conforme avançamos, adquirimos técnicas e bônus elementais que podem ser combinados em combos devastadores.Além dos estágios de ação, as partidas contam com outras atividades, como lojas e salas de desafio, que mudam a cada tentativa. Como é comum em roguelikes, o desafio é alto e morrer significa voltar para o início, mas há um recurso que permite salvar as habilidades obtidas para partidas futuras, aumentando as possibilidades estratégicas. Fora isso, é possível customizar a dificuldade e liberar diversas melhorias e modificadores.Fora dos Treinamentos Mentais, controlamos ACER, que assume a forma de um robô flutuante. Além de visitar lojas, exploramos um pequeno mundo futurista repleto de mistérios e personagens. Essas partes são focadas em conversas e cenas não interativas, com uma trama que se desenrola aos poucos. Confesso que me surpreendi com a história e com o universo: ele é mais intrincado e intrigante do que parece.Na agitação de combates estonteantesSem dúvidas, a melhor característica de BlazBlue Entropy Effect é o seu sistema de batalha. Ele é ágil e versátil, com esquivas, ataques aéreos e combos que evoluem conforme desbloqueamos novas técnicas — um processo que torna o combate progressivamente mais criativo e satisfatório.Assim como na série de luta, cada personagem conta com particularidades que alteram significativamente a jogabilidade e o ritmo: Ragna consome a própria vida para energizar suas habilidades, Noel usa pistolas com agilidade, Hakumen é defensivo e Hazama aproveita a mobilidade que tem com correntes. Essas diferenças impactam diretamente o ritmo das lutas.Entender e dominar as minúcias de cada lutador é empolgante e gostei bastante de testar as possibilidades. Para deixar as coisas ainda mais interessantes, é possível herdar até duas técnicas de heróis utilizados em partidas passadas, o que oferece mais opções estratégicas. Só senti falta de um modo de treino para explorar livremente os movimentos dos personagens.Fora novos ataques, durante as partidas coletamos também habilidades diversas, como a de criar lâminas ao esquivar, lançar relâmpagos junto com técnicas especiais ou conjurar nuvens venenosas. Esse tipo de abordagem é comum em roguelikes, mas aqui achei um pouco deslocado e de pouca importância — dominar os ataques e montar combos é mais efetivo. A diversidade de poderes também é reduzida, o que torna essa mecânica uma de pouco impacto e sem as tradicionais sinergias do gênero.Um roguelike não mais que modestoApesar do ótimo sistema de batalha, BlazBlue Entropy Effect perde o seu brilho ao longo do tempo por causa de algumas decisões. Para começar, as complexidades do combate são subutilizadas, e chega um ponto em que vira praticamente um festival de apertar botões para destruir tudo que aparece pelo caminho. Alguns chefes apresentam encontros mais cadenciados e alguns modificadores deixam o jogo um pouco mais difícil, entretanto não são suficientes para trazer profundidade e explorar melhor as possibilidades.Como roguelike, as partidas deixam um pouco a desejar. A grande maioria dos estágios são localidades simples com algumas poucas armadilhas e as regiões são mecanicamente idênticas. Além disso, a seleção das salas e atividades é bem reduzida, e se repetem constantemente entre as tentativas. A soma dessas características traz uma sensação de mais do mesmo.Por fim, muitas das mecânicas são desnecessariamente complicadas. A evolução das habilidades segue um sistema em árvore pouco intuitivo, o que pode levar à substituição de bônus importantes se o jogador não prestar atenção. Certos termos são obscuros, o que dificulta a nossa capacidade de decisão — mesmo de

Abr 22, 2025 - 14:06
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Análise: BlazBlue Entropy Effect traz lutas estilosas e combos impressionantes em um roguelike modesto

Em meio a tantos roguelikes de ação, BlazBlue Entropy Effect chama a atenção com visual impactante e ação eletrizante. Pegando emprestado personagens da famosa franquia de luta, o jogo conta com combates ágeis repletos de combos elaborados e boa variedade nos estilos de batalha. As partidas são intensas e envolventes, mas alguns aspectos pouco explorados e elementos roguelike que contam com impacto limitado prejudicam a dinâmica do jogo.

Lutando dentro da mente

Apesar do nome, BlazBlue Entropy Effect não é um título oficial da franquia de luta, mas sim uma experiência separada que utiliza os personagens da série.

Neste universo, o mundo foi tomado por partículas misteriosas que quase extinguiram a humanidade. Os sobreviventes vivem no ACE, um espaço virtual em que todos passam por Treinamentos Mentais para proteger o cérebro contra a ação desses fragmentos. Nesse contexto, acompanhamos ACER, um usuário que descobre algumas informações sobre o que realmente aconteceu com o mundo e decide investigar tais mistérios a fundo.


A experiência propriamente dita está nos Treinamentos Mentais, que são estruturados em partidas de ação e plataforma 2D. Nelas, escolhemos um entre dez personagens do elenco de BlazBlue e enfrentamos inimigos e chefes em diferentes estágios. Os lutadores começam com alguns movimentos básicos e, conforme avançamos, adquirimos técnicas e bônus elementais que podem ser combinados em combos devastadores.

Além dos estágios de ação, as partidas contam com outras atividades, como lojas e salas de desafio, que mudam a cada tentativa. Como é comum em roguelikes, o desafio é alto e morrer significa voltar para o início, mas há um recurso que permite salvar as habilidades obtidas para partidas futuras, aumentando as possibilidades estratégicas. Fora isso, é possível customizar a dificuldade e liberar diversas melhorias e modificadores.


Fora dos Treinamentos Mentais, controlamos ACER, que assume a forma de um robô flutuante. Além de visitar lojas, exploramos um pequeno mundo futurista repleto de mistérios e personagens. Essas partes são focadas em conversas e cenas não interativas, com uma trama que se desenrola aos poucos. Confesso que me surpreendi com a história e com o universo: ele é mais intrincado e intrigante do que parece.

Na agitação de combates estonteantes

Sem dúvidas, a melhor característica de BlazBlue Entropy Effect é o seu sistema de batalha. Ele é ágil e versátil, com esquivas, ataques aéreos e combos que evoluem conforme desbloqueamos novas técnicas — um processo que torna o combate progressivamente mais criativo e satisfatório.

Assim como na série de luta, cada personagem conta com particularidades que alteram significativamente a jogabilidade e o ritmo: Ragna consome a própria vida para energizar suas habilidades, Noel usa pistolas com agilidade, Hakumen é defensivo e Hazama aproveita a mobilidade que tem com correntes. Essas diferenças impactam diretamente o ritmo das lutas.


Entender e dominar as minúcias de cada lutador é empolgante e gostei bastante de testar as possibilidades. Para deixar as coisas ainda mais interessantes, é possível herdar até duas técnicas de heróis utilizados em partidas passadas, o que oferece mais opções estratégicas. Só senti falta de um modo de treino para explorar livremente os movimentos dos personagens.

Fora novos ataques, durante as partidas coletamos também habilidades diversas, como a de criar lâminas ao esquivar, lançar relâmpagos junto com técnicas especiais ou conjurar nuvens venenosas. Esse tipo de abordagem é comum em roguelikes, mas aqui achei um pouco deslocado e de pouca importância — dominar os ataques e montar combos é mais efetivo. A diversidade de poderes também é reduzida, o que torna essa mecânica uma de pouco impacto e sem as tradicionais sinergias do gênero.

Um roguelike não mais que modesto

Apesar do ótimo sistema de batalha, BlazBlue Entropy Effect perde o seu brilho ao longo do tempo por causa de algumas decisões.

Para começar, as complexidades do combate são subutilizadas, e chega um ponto em que vira praticamente um festival de apertar botões para destruir tudo que aparece pelo caminho. Alguns chefes apresentam encontros mais cadenciados e alguns modificadores deixam o jogo um pouco mais difícil, entretanto não são suficientes para trazer profundidade e explorar melhor as possibilidades.


Como roguelike, as partidas deixam um pouco a desejar. A grande maioria dos estágios são localidades simples com algumas poucas armadilhas e as regiões são mecanicamente idênticas. Além disso, a seleção das salas e atividades é bem reduzida, e se repetem constantemente entre as tentativas. A soma dessas características traz uma sensação de mais do mesmo.

Por fim, muitas das mecânicas são desnecessariamente complicadas. A evolução das habilidades segue um sistema em árvore pouco intuitivo, o que pode levar à substituição de bônus importantes se o jogador não prestar atenção. Certos termos são obscuros, o que dificulta a nossa capacidade de decisão — mesmo depois de várias partidas, não sei o que faz o efeito “piscar”.


Apesar dos problemas, o jogo é envolvente, principalmente por causa de sua ação eletrizante. Ainda há conteúdos extras para explorar, como modificadores de dificuldade, DLCs e uma história paralela envolvendo a protagonista do jogo ICEY, que apresenta estrutura diferenciada. A promessa de atualizações futuras também mantém o interesse no jogo.

Em um universo que transborda estilo

BlazBlue é conhecido por ser extravagante e Entropy Effect não é diferente. O universo do jogo é representado por pixel art belo com efeitos dinâmicos de iluminação que deixam os elementos ainda mais impressionantes. Já os lutadores contam com as animações elaboradas características da série, sendo destaque os combos exagerados e visualmente marcantes. Às vezes a tela fica completamente tomada por efeitos, mas não é algo que chega a atrapalhar significativamente a experiência.


A temática futurista destoa de BlazBlue, mas funciona. O único problema aqui é a temática batida dos estágios e inimigos: uma cidade futurista com ninjas genéricos, ruínas antigas infestadas de robôs e uma região oriental guardada por raposas agressivas. A trilha sonora aposta em composições razoáveis com batidas eletrônicas, apesar de não serem nada memoráveis.

Recentemente o jogo recebeu localização para o português, algo importante para o público brasileiro, já que há muito texto e inúmeros termos estranhos. A tradução é competente, apesar de ter deslizes (como play traduzido erroneamente para “jogar” dentro de um tocador de música), mas a produtora já está ciente deles e promete corrigi-los no futuro.



Pancadaria que no fim vale a pena

BlazBlue Entropy Effect se destaca pela jogabilidade intensa e visual estilizado, oferecendo combates fluidos e cheios de possibilidades. A variedade de personagens com estilos próprios torna as partidas empolgantes, e o sistema de combos traz liberdade estratégica. A ambientação em pixel art e os efeitos visuais mantêm o apelo estético durante o jogo.

Por outro lado, falta profundidade em alguns aspectos: os elementos roguelike têm pouco impacto, com fases repetitivas e algumas mecânicas confusas. Mas, ainda assim, o jogo entrega bons momentos de ação, especialmente para quem aprecia o universo BlazBlue e seu estilo exagerado.

Prós

  • Sistema de combate estiloso e ágil;
  • Grande variedade de lutadores com estilos distintos para dominar;
  • Muitas opções para customizar o desafio das partidas;
  • Atmosfera sci-fi bem-construída e com ótimo visual em pixel art.

Contras

  • Os estágios têm design simples e limitado;
  • Os elementos de roguelike têm pouca diversidade, fazendo com que as partidas sejam muito similares a médio prazo;
  • Inimigos simples demais não exploram completamente as nuances do sistema de batalha.
BlazBlue Entropy Effect — PC — Nota: 8.0
Revisão: Juliana Piombo dos Santos
Análise produzida com cópia digital cedida pela 91Act
BlazBlue Entropy Effect 8.0 PC BlazBlue Entropy Effect stands out for its intense gameplay and stylized visuals, offering fluid combat full of possibilities. The variety of characters with unique styles makes the matches exciting, and the combo system provides strategic freedom. On the other hand, it lacks depth in some aspects: the roguelike elements have little impact, with repetitive stages and some confusing mechanics. Still, the game delivers good action moments, especially for those who appreciate the BlazBlue universe and its exaggerated style.